Após um
fim de semana de praia, infelizmente, tivemos que voltar para a casa. No meio do caminho fiquei atenta às placas marrons que indicam lugares de interesse histórico, segundo a normativa da União Europeia. Foi assim que descobrimos a
cidade de Saint-Lizier e sua catedral, quando fizemos nossa viagem a Pau-Lourdes-Carcassone e foi desta maneira que descobri que estávamos na estrada para Mafra.
A cidade de
Mafra guarda um fabuloso palácio-convento e biblioteca construído por
Dom João V, que vem a ser avô de
Dona Maria I. Portanto, ao ver que esta cidade se aproximava e a vontade de ir para casa era nula, acabamos entrando e descobrindo este lugar sensacional, o
Palácio Nacional de Mafra. Quem já leu
Memorial do Convento, de José Saramago sabe que ele descreveu a epopeia que foi erguê-lo.
O palácio começou a ser construído em
1717 e só foi "concluído" em 1730. Coloquei entre aspas porque no dia inauguração ainda havia muito que ser feito. Os soberanos da época gostavam de construir residências fora da capital por vários motivos: fazer dali um local para caçar, ser um futuro mausoléu ou simplesmente ter uma casa de campo. Porém, todos tinham em mente querer mostrar aos seus súditos e ao mundo todo seu poder. Aliás, a construção de Mafra só foi possível graças ao
ouro trazido do Brasil que pagou os cerca de 52 mil operários, soldados, pintores e escultores que embelezaram esta joia do barroco português.
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Sala do trono |
O edificio principal deste complexo é a
Basílica de Santa Maria e Santo Antônio domina a fachada e ao longe já vislumbramos suas torres e cúpulas. Escrevi
um post somente para a igreja, pois fiquei encantada com o que vi.
A entrada para o
Palácio se dá na lateral e ali havia
falcões e coujas com os quais o vistante poderia tirar fotos, algo muito comum nas feiras medievais que são realizadas por aqui. Porém era a primeira vez que via a luz do dia! Quase sucumbi a tentação, mas fiquei admirando os bichinhos de longe.
Dito isso, fui ao primeiro andar e o percursso começa no
convento dos franciscanos que deveriam cuidar da vida espiritual da Família Real e rezar pela salvação do soberano. Para o século 21 isso soa estranho, mas era o mais habitual nesse tempo. Começamos com as vitrines onde estão expostos
objetos litúrgicos e quadros com temas religiosos. Em seguida temos acesso a
recriação das celas dos monges com seus poucos e nada confortáveis móveis; e passamos para a cozinha com os utensílios de latão.
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Cozinha da enfermaria.
Cada ala do Palácio tinha a sua própria cozinha. |
O mais interessante é a
enfermaria para doentes graves que ficava dentro de uma capela. Lado a lado, bastava rolar as camas para o corredor que
os doentes podiam assistir à missa sem se levantarem de suas camas. Super-prático!
Depois vamos para o palácio e podemos avaliar os
distintos aposentos ao longo de dois séculos de existência. Como expliquei, aqui era uma residência de recreação, mas cada um dos seus moradores a adaptava segundo seus gostos. Quem teve muita influência na decoração do palácio foi
Dom João VI que encomendou várias pinturas para os tetos, móveis e tapeçarias. Aliás, muitos desses objetos foram levados para o Brasil, em
1808 e não mais voltaram. Onde estarão?
Igualmente, se visita a maravilhosa biblioteca onde estão as publicações de distintos ramos de estudo como Direito, História, latim, etc.
Estão recreads vários aposentos dos soberanos, como o quarto e o banheiro de Dom João VI. Porém, o destaque vai para a recriação do quarto onde o último soberano de Portugal,
Dom Manuel II, passou sua última noite, antes de de embarcar em
Ericeira, quando foi deposto pela república, em 1910. Não resisti e tirei uma foto da penteadera e consegui enquadrar o quadro com o retrato do monarca: